sábado, 14 de julho de 2012

A QUARESMEIRA





A quaresmeira, lá no meu quintal,
pede passagem para a poesia
e as cores vivas pintam o madrigal
co'a cor dos olhos de uma estrela fria.

À tarde, a chuva chega em temporal
cumprindo a sempre triste melodia
do encanto da estação... canção austral
chamando a noite de uma estrela fria.

Arbusto feiticeiro, flor charmosa...
delírios disfarçando a venenosa
saudade roxa, feita sedução...

O teu segredo eu guardo numa prosa,
mas não revelo à pétala da rosa,
nem ao espinho, as cores da paixão.

(© Nathan de Castro)

sábado, 16 de junho de 2012

AS BORBOLETAS


 Brancas
Azuis
Amarelas
E pretas
Brincam
Na luz
As belas
Borboletas
 Borboletas brancas
São alegres e francas.
 Borboletas azuis
Gostam muito de luz.
 As amarelinhas
São tão bonitinhas!
 E as pretas, então…
Oh, que escuridão!
( Vinicius de Moraes)
Será sempre agora.

Viajarei pelas galáxias

universo afora.

domingo, 10 de junho de 2012




O homem gostaria de ser peixe ou pássaro,
 a serpente gostaria de ter asas, 
o cão é um leão confuso...
Mas o gato quer ser somente gato,
e todo gato é um puro gato
desde o bigode ao rabo



Sede como os pássaros que, ao pousarem um instante sobre ramos muito leves, sentem-nos ceder, mas cantam! Eles sabem que possuem asas.

sábado, 9 de junho de 2012

Os Periquitos


No leque verde dos coqueiros
Que ornam a margem dos caminhos,
Os periquitos galhofeiros
Zombam dos outros passarinhos.

Numa algazarra delirante,
Batendo as asas irisadas,
Cantam a terra e o céu distante,
Glorificando as alvoradas.

Porque se julguem muito ricos
Donos do espaço e das alturas,
Fogem dos pobres tico-ticos,
Trocando afetos e ternuras.

Unidos contra aos caçadores,
Andam ariscos e assustados:
Temem os ventos destruidores
E a poeira azul dos descampados.

São tão alegres, tão ruidosos,
Que a gente ao vê-los avalia
Que sejam todos venturosos,
Brincando ao sol de cada dia.

Não param nunca os mais tranqüilos.
Pulam, febris, de galho em galho.
Com que prazer, para segui-los,
Deixo de lado o meu trabalho!

Passam a vida saltitando
E é cada qual mais tagarela.
Onde vai um, lá vai o bando,
Cortando o azul na tarde bela.

Ordena um deles a partida
Em busca de outros horizontes.
Depois é a volta… E que corrida
Vertiginosa sobre os montes!

E quando, à noite, escuto os gritos
De mil insetos bandoleiros,
Dormem, sonhando, os periquitos
No leque aberto dos coqueiros.

Osório Dutra

A alma é um cenário.
Por vezes, ela é como uma manhã brilhante e fresca,
inundada de alegria.
Por vezes ela é como um pôr do sol...
triste e nostálgico.

(Rubem Alves

terça-feira, 5 de junho de 2012

A flor do maracujá






Pelas rosas, pelos lírios,

Pelas abelhas, sinhá,
Pelas notas mais chorosas
Do canto do Sabiá,
Pelo cálice de angústias
Da flor do maracujá !


Pelo jasmim, pelo goivo,
Pelo agreste manacá,
Pelas gotas de sereno
Nas folhas do gravatá,
Pela coroa de espinhos
Da flor do maracujá.


Pelas tranças da mãe-d'água
Que junto da fonte está,
Pelos colibris que brincam
Nas alvas plumas do ubá,
Pelos cravos desenhados
Na flor do maracujá.


Pelas azuis borboletas
Que descem do Panamá,
Pelos tesouros ocultos
Nas minas do Sincorá,
Pelas chagas roxeadas
Da flor do maracujá !


Pelo mar, pelo deserto,
Pelas montanhas, sinhá !
Pelas florestas imensas
Que falam de Jeová !
Pela lança ensangüentado
Da flor do maracujá !


Por tudo que o céu revela !
Por tudo que a terra dá
Eu te juro que minh'alma
De tua alma escrava está !!..
Guarda contigo este emblema
Da flor do maracujá !


Não se enojem teus ouvidos
De tantas rimas em - a -
Mas ouve meus juramentos,
Meus cantos ouve, sinhá!
Te peço pelos mistérios
Da flor do maracujá!
Fagundes Varela



segunda-feira, 4 de junho de 2012

"OS PÁSSAROS E AS FLORES"


Simplesmente uma flor

nasceu ali, no meu quintal,
mais um botão desabrochou
mas se perdeu no temporal.

Mas com a chuva que caiu

levou as nuvens o vendaval,
novamente a planta floriu
e coloriu o meu quintal.

Os pássaros todos voltaram

as borboletas também,
os colibris as beijaram.

E quando o sol se abriu

que a primavera surgiu,
os botões desabrocharam.
Antonio Hugo

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Aquarela - Toquinho

Lírios do campo

O lírio que se desfia
Num talinho de capim,
Tem a mesma serventia
Da flor do nosso jardim
Ele perfuma a campina
Aonde o canário trina
Desde que o dia amanhece
Como se dissesse ao dia:
Defenda a ecologia
Que a natureza agradece.
Erothides Laurentino