No leque verde dos coqueiros
Que ornam a margem dos caminhos,
Os periquitos galhofeiros
Zombam dos outros passarinhos.
Numa algazarra delirante,
Batendo as asas irisadas,
Cantam a terra e o céu distante,
Glorificando as alvoradas.
Porque se julguem muito ricos
Donos do espaço e das alturas,
Fogem dos pobres tico-ticos,
Trocando afetos e ternuras.
Unidos contra aos caçadores,
Andam ariscos e assustados:
Temem os ventos destruidores
E a poeira azul dos descampados.
São tão alegres, tão ruidosos,
Que a gente ao vê-los avalia
Que sejam todos venturosos,
Brincando ao sol de cada dia.
Não param nunca os mais tranqüilos.
Pulam, febris, de galho em galho.
Com que prazer, para segui-los,
Deixo de lado o meu trabalho!
Passam a vida saltitando
E é cada qual mais tagarela.
Onde vai um, lá vai o bando,
Cortando o azul na tarde bela.
Ordena um deles a partida
Em busca de outros horizontes.
Depois é a volta… E que corrida
Vertiginosa sobre os montes!
E quando, à noite, escuto os gritos
De mil insetos bandoleiros,
Dormem, sonhando, os periquitos
No leque aberto dos coqueiros.
Osório Dutra
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