terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

sábado, 12 de fevereiro de 2011

O Provedor


Andar à toa é coisa de ave.
Meu avô andava à toa.
Não prestava pra quase nunca.
Mas sabia o nome dos ventos
E todos os assobios para chamar passarinhos.
Certas pombas tomavam ele por telhado e passavam
as tardes frequentando o seu ombro.
Falava coisas pouco sisudas: que fora escolhido para
ser uma árvore.
Lírios o meditavam.
Meu avô era tomado por leso porque de manhã dava
bom-dia aos sapos ,ao sol,às águas.
Só tinha receio de amanhecer normal.
Penso que ele era provedor de poesia como as aves
e os lírios do campo.

Manoel de Barros

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Sementes

Palavras são sementes
Lançadas no entremeio dos ventos
Com destino a um solo fecundo
Frutificando no espaço do tempo

Frutos doces
Amargos...
Depende do mel de hoje
Da doçura que vem de dentro.

Arnalda Rabelo

A vida inteira

Quando a manhã chegar e tu voltares
com o intenso cheiro a maresia
que usas deixar em todos os lugares
por onde passas, pura poesia
ou perdida lembrança dos olhares
que surpresos trocámos algum dia,

vou apertar-te ao peito de maneira
que fiques a meu lado a vida inteira. 

Torquato da Luz

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

CRIANÇA

Alexander Averin


“Em tudo me encanta a criança.
Ser transparente que quando mente
Logo se contradiz.
No mundo da inocência
Cria cenas, personagens,
Amigos, imagens...
Que jura serem reais!
Nos olhos que brilham
Nas expressões da sua face,
Faz do mundo uma arte, fantasia...
Mas o que mais me fascina
Vai muito além dessa capacidade de sonhar,
do faz de conta...
O que me afronta a querer também ser criança
É o poder da esperança
Que esses pequeninos têm.
O acreditar no invisível
Desconhecer o impossível
Isso é a fé que Cristo, tão bem descreveu...
Ser criança, é ser a prova
Do infinito amor de Deus” 

(Rose Felliciano)