sábado, 19 de novembro de 2011

Vem do horizonte

vem do horizonte esse bater de asas
cortando as marés enfurecidas
que sacodem os barcos 
e jogam na areia as oferendas recebidas
vem da madrugada o som plangente
de navios perdidos
estrelas cadentes, luares imprevistos
rasgando a solidão do mar adormecido.

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

PRIMAVERA – AMOR MAIS QUE PERFEITO

Maria Boohtiyarova



Que venham os sonhos ternos
Que venham as mais vivas cores
Ah! Eu mal posso esperar...
Quero acordar todas as flores


Despertem Petúnias e Tílias
Façam festa os Bouganvilles
Ipês! Floresçam o nosso olhar
Há graça e docilidade no ar!


Impossível não perceber
O toque de Deus em cada ramo
Em cada folha, em cada flor
Em cada “Amor- Perfeito”...


...O mais Perfeito Amor!


Arnalda Rabelo


sábado, 27 de agosto de 2011

Só eu e você




Uma casinha
no meio da mata
só eu e você
fumaça saindo
da chaminé
só eu e você
riacho cantando
e uma andorinda
no céu voando
só eu e você
só eu e você
a noite na rede
o vento soprando
o galho do ipê
girando, girando
só eu e você...
(Mariza Alencastro)

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

TRISTEZA


Por que estás assim,
violeta? Que borboleta
morreu no jardim?
Guilherme de Almeida

Doce borboleta

Rosemary Molleti
Oh! Doce borboleta!
Encanta-me o olhar!
Enternece todas as flores
E os jardins num doce sonhar!
Oh! Doce borboleta!
Possui encanto e magia
Faz os sonhos da menina
Ganhar asas coloridas.

(Arnalda Rabelo)

domingo, 7 de agosto de 2011

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Feito Flor

Konstantin Razumov
E quando vi o sol beijando
A flor e ela no calor
Carinhoso,
Arregalando-se em vivo
Carmim...

Amanheci flor.

(Cida Luz)
 

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Paz no coração


Tela   De La Torre
dei de beber às lindas borboletas
chá de jasmim, água de cheiro
ficou uma algazarra no jardim
e até os passarinhos
vieram a mim
dei-lhes também um pouco de afeição
grãozinhos dourados
e folhas de alecrim.
Está tudo em paz no meu coração.

£una

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Canção

Ó flores do verde pino,
sempre é tempo de esperar!
Mas nós temos a certeza
de que aquilo que esperamos
não se acha em nenhum lugar...


Não tem raízes nem ramos,
não é do céu nem do mar.
Não tem nome - é só destino.
E é toda a nossa estranheza,
sabendo-o tanto , esperar...

Cecília Meireles

sábado, 30 de julho de 2011



Noturno céu...é de lua e anel
um feixe incide feito cadente
reflete colinas e da vertente
a tinta que corre daquele pincel.

O manto se estende e encobre
o ruído do formoso verdor
e sem temor pousa já outra cor
mescla de rubro... desce e sobe.

Suspenso halo entre lua e sol
pende de um lado ao outro
qual ventania, deita o girassol

com nastro de cobre e veludo
borda, dobra, redobra o globo
cerra os olhos, é suave arrulho."

Milamarian

Crepúsculo





Em um silêncio saboroso deitou-se o sol
e no crepúsculo de modo tímido abraça
levando a paisagem campestre que passa
flutuantes odores dourados de girassol.
Nitidamente no azul celeste cerra o manto
de brilho veste o céu as estrelas sem fim
pinceladas na clareza enluarada assim
balouçam as folhas num melodioso canto.
Vagando um lobo ulula sobre o monte
ecoa chamando os filhotes ao luar
sem pressa entre folhagens se esconde.
A noite dorme ao bramir do vento frio
esvoaçando silenciosa para pousar
a negra mariposa mira a luz do candil.
leslie bravin

sábado, 23 de julho de 2011

Hoje não vou colher
nem laranjas, nem flores, nem amoras.
Vou ver crescer o dia
no redondo das frutas,
e ouvir sem pressa o canto destas aves.
Serão as mesmas de ontem?
Um dia a mais que fez de mim, que faz?
E as aves que cantavam,
se não são estas, onde
estão? O canto apenas se repete?
Aquela que ontem via
o que ora vejo, não é mais em mim?
Então eu me renovo
como as águas e as plantas?
Sou outra, ou me acrescento ao que já sou?
No entanto, é tudo igual,
embora eu saiba que só na aparência;
e meu prazer me vem
de estar sentada aqui,
detendo um tempo que se não detém.

Marly de Oliveira

segunda-feira, 2 de maio de 2011

A HORA PROPÍCIA


Hora de se pensar em voz alta
no terraço das trepadeiras.
A claridade quase morta
esmalta
os vidros da janela e borda
de fios de ouro o leque das palmeiras.

Hora em que não há mais distâncias; hora
em que a primeira estrela vem ouvir na sombra
o canto verde da primeira rã;
em que cada palavra tomba
e se desenrola
silenciosa como um novelo de lã.

Guilherme de Almeida

domingo, 1 de maio de 2011

Preservar a Natureza




No nascente cristalino abençoado
Corre pura, gota a gota água divina
Forma um leito em toda a terra idolatrado
Indispensável mineral;Em rio predomina

Tenaz o homem em seu desfavor insiste
P'la Natureza desprezar os cuidados
Mas cuidado! que o futuro existe !
Em desventuras serão os rios afectados

É preciso de olhos postos no Futuro
Travar a  grande luta de prevenção
E em prol de um vegetar mais puro
Preservar a Natureza em mutirão

O homem que se diz tão inteligente
Em pleno século vinte  se contradiz
Despreza a vida da Natureza docente
Só o poder finançeiro o deixa feliz

Isso se chama ser inteligente?
Não venham eles  cá com lérias!
Pois o homem provoca lentamente
Sua própria sentença aqui na Terra

Se esquecem que este Globo terresre
Vai deixar de ser solo, por ele pisado
Porém seus filhos e netos permanecem
Nesse mesmo solo, sob este sofisma criado

Vive seus dias egoistas sempre a leste
Como se o Mundo fosse só seu e insiste
Polui tudo e tudo queima deixando agreste
Toda a Terra; e  chora a Natureza triste

Será que os poetas têm o dom e o poder afinal?
De despertar os sentidos agora ôcos e diluidos!
Ah! Quem dera fosse mágica e num dom divinal
A Poesia e seu Eco fossem pelo homem sentidos

Cecília Rodrigues

A noite e seu canto



...No branco rendilhado dos luares
sobre a areia

quando o mar se aquieta e o sono chega
com estrelas pingando nas pestanas
de asas negras
quando o silêncio é mais profundo 
nas hastes das palmeiras
a dançar
a noite ergue seu canto mais profano
nas catedrais ungidas de luar...

Mariza Alencastro

Curious George ~ Upside Down

sábado, 2 de abril de 2011

Amanhecer



O canto do galo desperta o campo
matizes celestes despontam ao longe
clareia a paisagem uma réstia de sol
O orvalho salpica o pasto e as folhas
pepitas perfeitas de efêmera existência
perfumam e enfeitam a nova manhã

João Gaspar Leivas

sexta-feira, 18 de março de 2011

CRIANÇA

 

" Hoje acordei com uma vontade ... 

Vontade de ser Criança,

Andar descalço,

Brincar de roda, 

De ser feliz ! "

*Bruno de Paula

domingo, 6 de março de 2011


Nem sei se é lua, se apenas um rastro de nuvem
no azul triste do dia.


Nem sei se é flor, se uma estrela caída da chuva
no jardim desfolhado.


Nem sei se é meu, se de outrem, o acenar da loucura
com mãos de poesia.


Nem sei que dizem, ou que responda, se perguntaram...
que o presente é passado.

Canção de Remar

Doce peso
desta sonolência,
leve cadência
de amor e desprezo.

Lua mansa,
pedaço perdido
do anel partido
de alguma esperança.

Grande estrela
toda desfolhada
na água parada
para recebê-la.

Noite fria,
sem desejo humano.
Brisa no oceano
Da melancolia.

Rosto sério
das ondas do mundo.
Bóiam no fundo
ramos de mistério.

( Doce peso
desta sonolência...
leve cadência
de amor e desprezo...)

Cecília Meireles

As meninas



Arabela
abria a janela.

Carolina
erguia a cortina.

E Maria
olhava e sorria:
"Bom dia!"

Arabela
foi sempre a mais bela.

Carolina
a mais sábia menina.

E Maria
Apenas sorria:
"Bom dia!"

Pensaremos em cada menina
que vivia naquela janela;
uma que se chamava Arabela,
outra que se chamou Carolina.

Mas a nossa profunda saudade
é Maria, Maria, Maria,
que dizia com voz de amizade:
"Bom dia!"

(Cecília Meireles)

sábado, 5 de março de 2011

Duas borboletas

Duas borboletas sairam a apassear
passaram sobre o arroio
flecharam para o firmamento
e repousaram sobre um raio de luz;
Depois partiram as duas
por cima de um mar reluzente,
ainda que porto algum até hoje
haja mencionado a chegada.
Se falou com elas uma ave distante,
se no mar etéreo encontraram
uma fragata ou um cargueiro,

EMILY dickson

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

sábado, 12 de fevereiro de 2011

O Provedor


Andar à toa é coisa de ave.
Meu avô andava à toa.
Não prestava pra quase nunca.
Mas sabia o nome dos ventos
E todos os assobios para chamar passarinhos.
Certas pombas tomavam ele por telhado e passavam
as tardes frequentando o seu ombro.
Falava coisas pouco sisudas: que fora escolhido para
ser uma árvore.
Lírios o meditavam.
Meu avô era tomado por leso porque de manhã dava
bom-dia aos sapos ,ao sol,às águas.
Só tinha receio de amanhecer normal.
Penso que ele era provedor de poesia como as aves
e os lírios do campo.

Manoel de Barros

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Sementes

Palavras são sementes
Lançadas no entremeio dos ventos
Com destino a um solo fecundo
Frutificando no espaço do tempo

Frutos doces
Amargos...
Depende do mel de hoje
Da doçura que vem de dentro.

Arnalda Rabelo

A vida inteira

Quando a manhã chegar e tu voltares
com o intenso cheiro a maresia
que usas deixar em todos os lugares
por onde passas, pura poesia
ou perdida lembrança dos olhares
que surpresos trocámos algum dia,

vou apertar-te ao peito de maneira
que fiques a meu lado a vida inteira. 

Torquato da Luz

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

CRIANÇA

Alexander Averin


“Em tudo me encanta a criança.
Ser transparente que quando mente
Logo se contradiz.
No mundo da inocência
Cria cenas, personagens,
Amigos, imagens...
Que jura serem reais!
Nos olhos que brilham
Nas expressões da sua face,
Faz do mundo uma arte, fantasia...
Mas o que mais me fascina
Vai muito além dessa capacidade de sonhar,
do faz de conta...
O que me afronta a querer também ser criança
É o poder da esperança
Que esses pequeninos têm.
O acreditar no invisível
Desconhecer o impossível
Isso é a fé que Cristo, tão bem descreveu...
Ser criança, é ser a prova
Do infinito amor de Deus” 

(Rose Felliciano)

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Amanheceu



Ouve-se o riso das flores
Borboletas bailam no jardim
O orvalho tem cor doce
O céu sorri para mim

Cai chuva no solo fértil
Exalando delicados perfumes
Sente-se suave euforia
Amanheceu! Claro é o dia!

Arnalda Rabelo

domingo, 23 de janeiro de 2011

Há dias em que o sol
tem cor diferente
A brisa cheira a flores
Cantiga de amores

Há dias em que tua voz chega
com o vento
Despertando o sonho azul
que dormia
calmamente.
Arnalda Rabelo

Milagre


Nesta manhã um raio de sol
atravessou minha janela,
eu ainda dormia.

Havia tanta graça,
milagre...
Esqueci-me até da nuvem escura
bailando na noite
Meu coração florescia.

Arnalda Rabelo

sábado, 22 de janeiro de 2011

Falei à flor
De Sua beleza
E quis saber o mistério
Do seu perfume...
Uma pétala
Se abriu sorrindo
Como quem diz:
Ame o jardim
Que te rodeia
O sol que te ilumina
Faça o outro feliz
E deixe que seu perfume
Contamine...
Esqueça os espinhos
Que estiverem por perto
Receba seus amigos
Como recebo
Os passarinhos
Ame-se!
Faça de sua alma
Pétalas de carinho.

(Sirlei L. Passolongo
)

Canção da tarde no campo


Caminho do campo verde,
estrada depois da estrada.
Cerca de flores, palmeiras,
serra azul, água calada.

Eu ando sozinha no meio do vale.
Mas a tarde é minha.

Meus pés vão pisando a terra
que é a imagem da minha vida
tão vazia mas tão bela,
tão certa mas tão perdida!

Eu ando sozinha por cima das pedras.
Mas a flor é minha.

Os meus passos no caminho
são como os passos da lua:
vou chegando, vais fugindo,
minha alma é a sombra da tua.

Eu ando sozinha por dentro dos bosques.
Mas a fonte é minha.

De tanto olhar para longe,
não vejo o que passa perto.
Subo monte, desço monte,
meu peito é puro deserto.

Eu ando sozinha ao longo da noite.
Mas a estrela é minha.

Cecília Meireles